terça-feira, 13 de maio de 2008

Racismo!!!

Camisetas comparam Obama a macaco e expõem racismo na corrida democrata

Publicada em 13/05/2008 às 11h39m

O Globo Online

RIO - O dono de uma pousada na Geórgia está causando polêmica por ter exibido camisetas em que associa o nome de Barack Obama ao personagem de história em quadrinhos Curious George, que é um macaco. Na estampa, George está descascando uma banana. O dono da estalagem Marietta, Mike Norman, disse que as camisetas são "bacanas". Para um grande número de críticos, uma exploração ofensiva de estereótipos raciais. Nesta terça-feira, Obama e Hillary Clinton batalham na primária da Virgínia Ocidental .

Na história para crianças, criada em 1941, o macaquinho George foi levado da África para uma cidade grande dos EUA pelo "homem do chapéu amarelo". As aventuras do animal foram publicadas até 2007.

"É hora de dar um basta nisso", disse ao "Atlanta Journal-Constitution" Rich Pellegrino, morador da cidade de Mableton e diretor do grupo Cobb-Cherokee Immigrant Alliance. Pellegrino comandou um protesto em frente à pousada.

"Não há lugar para visões como essa, não na época de hoje. Há muitas pessoas machucadas por causa disso", acrescentou Pellegrino.

Norman comentou ao jornal de Atlanta que as pessoas que se sentiram ofendidas estão "procurando sarna para se coçar" e insistiu que não é racista.

Mas por que a comparação entre Obama e Curious George? Norman esclareceu:

"Olhe para ele (Obama)... o cabelo, as orelhas, ele se parece com o Curious George".

As camisas, confeccionadas pela Mulligan's Food & Spirits, desnudam um tema que a imprensa americana se esforça para manter fora do debate das primárias, em que um candidato com ascendência no Quênia tenta se tornar o primeiro presidente negro dos EUA.

Episódios racistas não são incomuns na batalha entre Hillary e Obama. Reportagem do jornal "Washington Post" publicada nesta terça-feira mostra as dificuldades e o preconceito enfrentando por voluntários que divulgam a campanha de Obama.

Danielle Ross, que ajuda na campanha em Indiana, diz ter sentido latente o racismo no estado. Em Muncie, cidade industrial na região centro-leste, durante panfletagem em shoppings, esquinas e estacionamento de supermercados, a resposta dos eleitores foi a pior possível, contou a americana ao diário. Obama, disse ela, foi rejeitado por sua raça, não por suas propostas.

"A primeira pessoa que encontrei foi como 'Jamais votarei em uma pessoa negra'", recordou Rosso, que é branca e acabou de completar 20 anos.

Outros voluntários, prossegue o jornal, reclamam que pessoas "batem a porta na cara" e são agredidos com ofensas raciais - mesmo os brancos que fazem campanha para Obama.

"Enforquem aquele escuro em uma árvore", disse um eleitor para quem a voluntária Victoria Switzer disse ter ligado na Pensilvânia, segundo o "Post".

A documentarista Rory Kennedy, filha de Robert F. Kennedy, acrescentou mais polêmica ao delicado tema. Ela contou ao jornal que um eleitor branco na Pensilvânia disparou: "Pessoas brancas cuidam de pessoas brancas, pessoas negras cuidam de pessoas negras".

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