sábado, 10 de maio de 2008

Black sonora em Araxá!!!!

Banda que disponibiliza cd de graça no site tem que ter uma moralzinha de divulgação
http://www.blacksonora.com.br/

Sexta-feira, 11 de Abril de 2008

ENTREVISTA - BLACK SONORA por Roger Deff

Galera, confiram nossa entrevista para o site do Alto-Falante (www.programaaltofalante.com.br)


ENTREVISTA - BLACK SONORA

por Roger Deff

Black Sonora. O nome virou sinônimo de groove, soul e "blequeira" para os frequentadores das baladas belorizontinas de todas as tribos. Representantes de uma nova cena da música na cidade, onde a pluralidade finalmente tem espaço, eles resgatam antigos ícones da música brasileira ao mesmo tempo em que apresentam novas composições. O som mistura funk, samba, hip-hop e busca referência nos grandes ícones da black-soul-music brazuca, como Tim Maia, Jorge Ben, Jackson do Pandeiro e Marku Ribas. A banda é formada por Gustavo Negreiros, Mc Cubanito (vocais), Luiz Prestes (baixo), Helton Rezende (guitarra), Bruno Lima (percussão), Luciano Andrei (percussão), Ronan Teixeira (bateria) e DJ Yuga (samplers). Durante um bate-papo franco e descontraído (com parte da trupe) os caras falaram sobre projetos, gravadoras....

Parafraseando o síndico, "numa relax, numa tranqüila, numa boa".



Vamos do início. Como surgiu o Black Sonora? A Moçada já se conhecia?


Gustavo Negreiros – No início mesmo do Black Sonora, éramos eu e o Juninho (Luiz Prestes) mas eu já contei isso algumas vezes. Dessa vez eu queria ouvir a visão dele sobre o começo de tudo, como ele vê o nosso início...

Luiz Prestes – Cara, o Gustavo e eu já nos conhecíamos desde a época de colégio, a gente sempre tocou. Ele tinha as bandas dele e eu tinha outras...

Gustavo Negreiros – E as duas de Trash Metal, diga-se de passagem (risos)



Então vocês vieram do Metal? Conta mais aí...

Luiz Prestes – Verdade, cada um de nós, eu e Gustavo, tinhamos uma banda de Trash Metal. Era turma de colégio e na época eu tocava guitarra. Eu costumava ir à casa do Gustavo, e lá juntavamos a moçada pra fazer um som. Mas era metal mesmo (risos)



Em que ano foi isso?

Luiz Prestes - Por volta de 94...mais ou menos. Depois disso fiquei uns 5 anos sem ver o Gustavo. Um dia encontrei um amigo nosso em comum e foi aí que retomei o contato. Tinha um amigo meu de faculdade que tocava bateria e percussão e começamos a nos apresentar em festinhas de aniversário de amigos (risos). Fizemos umas três festinhas mas já havia a vontade de tocar mesmo com uma banda. Nisso outros amigos nossos foram incorporados, o Maia...

Gustavo Negreiros – Que hoje toca no "Nem Secos"



E essa formação aí, já era o embrião do Black Sonora?

Luiz Prestes – Era sim...



Como surgiu o nome?

Gustavo Negreiros - A história do nome é a seguinte, nós tocamos na primeira festa da turma de comunicação da PUC, no São Gabriel onde eu estudava. Haviam nos convidado, aí pensei "massa, vamos tocar então". Alguns dias depois o organizador tava me procurando desesperado pra saber o nome da banda. Ele me disse que o pessoal da gráfica tava esperando...aí eu pensei em um nome, que nem me lembro mais, e falei pra ele "põe Black Sonora aí", na hora eu pensei que se ficasse ruim dava pra mudar depois do primeiro show....(risos)



Desde o começo já havia essa influência forte de black music?

Luiz Prestes -Inicialmente eramos bem focados em Jorge Ben, discos como "Tábua de Esmeralda", e alguns outros côvers. Depois da calourada da PUC começamos a fazer mais alguns shows bacanas, e aí passamos a ser uma banda de fato. Só que o baterista, que na época era o André Capina, teve que ir pro Espírito Santo. Somando isso a outros fatores, a banda chegou ao fim. Tanto eu quanto o Gustavo ficamos chateados com o fim do projeto...

Gustavo Negreiros – Foi de 2003 a 2004, durante este tempo a banda deu uma parada...

Luiz prestes – É nessa época que o Yuga entra na história...



Vocês o conheceram durante este intervalo?

Gustavo Negreiros - Conhecemos o Yuga num show que fizemos no Mineirinho, na verdade numa parte pequena dele, debaixo do Mineirinho. Era uma festa de alojamento

o Yuga tava discotecando e começamos a trocar figurinhas, sobre fazer festas juntos...



Yuga, conte como foi esse primeiro contato com a banda.

Yuga – Me chamaram para tocar neste congresso. O Luciano sempre me chamava pra ver os shows "vamos lá pra você ver a minha banda, a gente toca muito Jorge Ben", e na época eu tava ouvindo muito este som, então me interessei . Até porque tava numa fase Jorge Ben da minha vida, e os caras tinham uma proposta meio lado B do Jorge Ben também, tocavam coisas que quase ninguém conhecia...

Eu achei massa ver aquilo, gostei da postura do negão (Gustavo) de band leader. Depois vi outras vezes, na PUC, numa eliminatória de calourada.

Gustavo Negreiros - Tem uma foto que saiu num jornal, em que aparece o Yuga na platéia sentado. E o Helton (guitarrista) estava como jurado dessa eliminatória.

Yuga – O Black Sonora atual já tava todo ali (risos) Depois disso fiquei muito tempo sem ver a banda. Então um dia encontrei com o Gustavo no Deputamadre e perguntei pelo Black Sonora. Ele respondeu que tinha chegado ao fim por causa do baterista. Então indiquei um amigo meu que era baterista.



Jorge Ben seria um tipo de "pai" de vocês né? Pai do Black Sonora...

Yuga - E o Tim Maia é o padrinho (risos)



Foi nessa época que você começou sua história como dj, ou já trabalhava com isso antes?

Yuga - Já trabalhava como dj haviam uns três anos nessa época.



E aí? A banda se reuniu depois disso?

Gustavo Negreiros – O negócio é que o Yuga apareceu com uma festa pra gente fazer. Eu havia armado um esquema com um batera, a festa acabou sendo cancelada, mas o Yuga e o amigo dele o Davi Benfica, já estavam armando de fazer uma homenagem ao Tim Maia Racional. Eu também já havia descoberto esse disco e até tocávamos algumas músicas com o pessoal da banda "Vende frango-se" e aí bateu a idéia de fazer o tributo ao Tim Maia.



Foi aí que vocês fizeram o primeiro Tributo ao Tim Maia, como aconteceu?

Gustavo – Sim foi no Ziriguidum

Yuga – 11 de Setembro de 2004.

Gustavo – Na época liguei pro Luciano, porque tinha tempo que não falava com ele, principalmente com o fim da banda. Aí chamei, e ele disse "nó velho..cê acredita q essa noite até sonhei com o Tim Maia", (risos) E aí fizemos a festa. O Davi Benfica chamou o Ronan pra fazer a batera pra gente. Logo no primeiro ensaio o Ronan tocou bem pra caramba as músicas. Tinha pouco tempo que eu tinha conhecido o Cubano na faculdade, não saquei que ele era estrangeiro de cara..aí ele me mostrou algumas coisas, umas rimas que ele fazia. Começamos a fazer a música "Poesia urbana". Quando surgiu a idéia de fazer esse tributo ao Tim Maia já tínhamos esse contato com o Cubano então convidamos ele pra dar uma canja no evento. Depois da segunda festa vimos que tinha uma galera massa, então resolvemos que era a hora do Black Sonora voltar.



Quer dizer então que no primeiro Tributo o Black Sonora ainda não havia voltado oficialmente?

Yuga – Ainda não e eles queriam mudar de nome, eu que não deixei

Prestes – Pode se dizer que neste primeiro tributo já era "Black Sonora e Convidados", o Yuga era um convidado, o Cubano também...

Depois desse show convidamos o Ronan definitivamente para entrar pra banda. O grupo ainda estava em formação, a maioria dos caras estava como freelencer na banda.

Gustavo – O nome tem muito a ver com essa nossa intenção de trabalhar com a sonoridade de música negra. Quando se fala em black music se pensa mto em James Brown, em rap americano mas nosso olhar sempre esteve mais voltado para as coisas do Brasil, como o samba-rock, o samba soul do Tim Maia, Marku Ribas, a galera toda se influenciou mais por essa coisa da música brasileira..



Legal, engraçado o fato de vocês terem vindo do Thrash Metal e serem tão influenciados por essa "black music brazuca".

Gustavo Negreiros- mas mesmo nessa época já tínhamos muita influencia disso, todos sempre ouviram samba em casa...



Vocês dialogam muito bem com todo mundo. Há uma identificação boa com gente de todas as tribos. A que se deve isso?


Luiz Prestes - O maior orgulho é que no nosso show tem todo mundo. Você vê os metaleiros, a galera do samba, "Patis", a moçada do hip-hop, que é por causa do Cubano, eu acho.

Mas acho que a moçada se identifica porque fazemos música pra dançar, e dançar todo mundo gosta. Não importa a tribo. Acho que é isso que não segrega.

Gustavo – Como cada um traz uma vertente pra incorporar no som do Black Sonora, como no caso do Yuga que agrega a galera mais ligada ao esquema de djs, o Cubano, com o Hip-hop, e o Helton que toca com a moçada do samba, com o pessoal do Julgamento. O leque de possibilidades, de fazer parcerias, está totalmente aberto e isso resulta nessa aceitação.

Yuga – Desde o primeiro tributo a gente tem essa coisa de se unir com outras pessoas, e isso deu essa abertura. O Alexandre Cardoso, a Júlia Ribas, Tambor Mineiro. Acho que precisa mesmo ter uma cena em que todo mundo circule com tranqüilidade, samba, reggae. Acho que essas parcerias fortificam a banda, fazemos parceria com todo mundo e isso favorece a mistura de públicos no show.



Gostaria de saber como vocês analisam a cena musical hoje em Belo Horizonte, já que tivemos outros movimentos a exemplo da década de 90, muito mais centrada no rock com bandas como Virna Lisi. Vocês acham que hoje é mais plural?

Yuga – Acho que a moçada quer fazer música, independente dos estilos e tribos. A internet contribuiu muito pra isso. Vamos misturar mesmo, porque a música taí pra todo mundo e a galera que curte música não tá muito ligada a guetos não.

Gustavo Negreiros – acho que tá todo mundo a fim de interagir, de fazer trabalhos juntos. Tivemos vários movimentos musicais ao longo da história, rock anos 80, mangue beat, bossa nova etc. E talvez o que una os artistas hoje, pelo menos em Belo Horizonte, é o fato de todo mundo ser independente. Estamos vivendo uma nova realidade de todo mundo poder traçar um caminho independente de estar ou não numa gravadora. Acho que isso também une as pessoas, independente de ser o pessoal do samba ou do hip-hop



Como vocês vêem o papel das gravadoras num contexto em que o artista tem outras vias de "escoamento" para o trabalho? Coisa que não acontecia até pouco tempo, ainda mais agora com a web, sites como o Myspace...


Luiz Prestes - As gravadoras tentam resistir ao máximo a essa nova realidade, eu acho. Mas elas se adaptam, porque não tem como barrar este processo.

Yuga – as grandes gravadoras criaram este monstro que é o jabá, e elas mesmo não estão dando conta de sustentá-lo, tanto é que você vê as alternativas downloads, mp3.

Hoje os selos querem ganhar inclusive em cima do show do artista. A moçada tá sacando isso e sabe que pode fazer as coisas sem as gravadoras.



Até pouco tempo atrás o termo "artista independente" remetia ao músico que estava isolado do mercado musical, não estava em nenhuma gravadora. Hoje eu vejo o termo muito mais como uma questão de postura por parte do artista. O que vocês acham?


Luiz Prestes – inicialmente ser independente estava ligado à falta de opção , ou você era da grande gravadora ou não havia outro caminho pra distribuir o trabalho. Hoje existem milhões de outros caminhos.



O público mineiro é tido como conservador e tudo, mas um movimento interessante que eu tenho percebido é o fato de boa parte das pessoas irem a shows de artistas que trabalham com música autoral e que não tem divulgação nas fms. A que se deve isso?

Gustavo Negreiros - Acho que o artista contribui pra isso, já que há a preocupação em se trabalhar mais as músicas próprias. Antigamente ou você tocava cover ou não seria bem aceito.

Yuga - Acredito que BH é um dos maiores seleiros musicais do Brasil, tanto pela diversidade quanto pela originalidade. Os trabalhos daqui não se parecem uns com os outros, ao contrário de outros lugares em que tudo parece ser pré-formatado. Mesmo aquilo que surgiu como "alternativo" em outros lugares acabou virando fórmula.



Vocês acreditam neste papel emancipador que as pessoas atribuem à internet, ou acham que há um certo exagero nisso. Acha que elas podem substituir as emissoras de rádio?


Gustavo Negreiros - Por mais que a gente fale da web é importante saber que ela está ao alcance de uma minoria. Quando ela se popularizar aí sim ela será uma força mais significativa.

Yuga – A internet hoje faz o seu papel, ela é mais uma forma de divulgar. Quando a tv surgiu disseram que o rádio ia acabar, e vocês vêem que ele continua aí, então não acho que uma coisa vá substituir a outra...



Pois é, tem gente que acha que as gravadoras vão sucumbir diante da internet, eu particularmente não acredito nisso, acho que elas vão se reinventar e encontrar formas de adaptação como já têm feito.

Gustavo Negreiros- Elas vão se adaptar mas não terão mais a mesma importância de antes. Na época do Roberto Carlos ou você tinha gravadora ou ficava em casa tocando violão. Hoje a realidade é outra.



Quais bandas daqui chamam a atenção de vocês?

Yuga – gosto do Julgamento (risos)

Gustavo Negreiros – Acho massa o trabalho do Sol na Moleira, Falcatrua também tem uma proposta interessante, o Sérgio Pererê... é até difícil citar nomes.

Yuga – tem o pessoal da música eletrônica uma dupla que se chama Janet & Claire.

Recentemente eles participaram do Motor Mix e o Dudu Marote (produtor paulista) ficou assustado com o trabalho dos caras. Muito bom o que eles fazem.



Acho que vocês são hoje a banda que mais toca em Belo Horizonte, isso aumenta o contato com as pessoas...

Yuga – Tocar mais vezes aqui é importante porque ter um público formado dentro da sua cidade é importante. Tem muitas bandas que só recebem reconhecimento depois que saem daqui. A gente gosta de tocar e ter este contato. Foi muito gratificante a primeira vez em que fizemos um show e o pessoal tava cantando "Poesia Urbana". Toda banda precisa disso.

Gustavo – Essa coisa de todo mundo ir ao show é porque a gente vai no esquema de todo mundo também. Tem o Duelo de mcs a gente comparece, vamos ao samba e por aí vai. Antigamente tinha aquela coisa ruim de cada um no seu canto, sem se misturar.



Como acontecem as composições da banda? É de forma coletiva ou tem alguém que cria a maioria das músicas?

Luiz Prestes – Cada um traz uma idéia, o Gustavo já trouxe várias composições. Algumas músicas nascem de uma letra, como "Treta" que o Yuga escreveu.

Gustavo – Toda hora um vem com um embrião diferente, uma letra ou uma base...

Jogamos a idéia e algumas viram músicas, e outras a gente não sabe o que fazer com elas.

Yuga – Algumas músicas já nascem prontas basicamente, outras precisam ser lapidadas, precisam passar por um processo. "Sambar pra quê" do Ronan, foi uma que ficou pronta rapidinho também. A "Treta" me veio dessa idéia de que os políticos continuam na mesma treta, e eu tava ouvindo muito samba-rock no dia, o que influenciou no som.



E o cd do Black Sonora?

Gustavo – Estamos aguardando também, ele está no stand by por enquanto mas assim que der a gente retoma o projeto.



E este último tributo ao Tim Maia, que vocês fizeram com o Sérgio Pererê, o Fausto e B Negão, Matéria Prima,... Como foi juntar esse pessoal?

Gustavo Negreiros – O Pererê chegou pra mim e disse que viu um cd nosso na Casa África, comentou que estava indo pra Espanha com o Tambolelê e que iria levar um material nosso. Aí começamos a trocar idéias. É um cara muito bacana, aberto a outras possibilidades de som. Então ficamos de fazer algum som juntos depois. Já o B Negão, a gente sabe dessa ligação dele com o Tim Maia, porque ele cita muito nas músicas. Como a gente tava pensando num convidado para este tributo achamos que ele poderia ser o cara certo.

Ele veio e colou na brodagem, de igual pra igual com a gente.

Yuga – Já o Gurila Mangani, o Matéria e o Simpson (mcs que participaram do tributo) vêm dessa ligação do Cubanito com o hip-hop. O Tributo, além de celebrar o Tim Maia, tem essa característica de chamar as pessoas, você mesmo já cantou com a gente antes, e foi isso que rolou, chamamos os caras pra fazer o lance de mestres de cerimônia mesmo. Foi natural e foi massa. Cada tributo é uma nova experiência pra gente, é mais um degrau. A gente faz na raça mesmo.



Conheçam o som dos caras pelo: www.myspace.com/blacksonora



E as demais bandas e artistas citadas ao longo da entrevista podem ser conferidas pelos seguintes links:

Gurila Mangani http://www.myspace.com/gurilamanganigudoiz

Simpson http://www.myspace.com/intruzversos

DJ Fausto www.myspace.com/acetato

Janet & Claire www.myspace.com/janeteclaire

Julgamento www.myspace.com/julgamento2008



Roger Deff é vocal do Julgamento, leitor assíduo de Hqs, colaborador da revista Jararaca Alegre, estudante de jornalismo nas horas vagas e apresenta um quadro semanal no programa a Hora do Rock.


é isso aí, podem comentar também...
abraços,
Negreiros

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