Gustavo Barreto
Têm chamado atenção os protestos a nível global contra o governo da China, pouco antes do início dos Jogos Olímpicos de Pequim. O evento entrou no palco do debate público por meio das manifestações de monges budistas adeptos da não-violência e de outras minorias, que exigem respeito aos direitos fundamentais.
A participação nos Jogos é o maior feito possível para um atleta e um boicote pleno poderia representar a ruína de milhares de sonhos. Por outro lado, os esportistas não podem ignorar o contexto social e a força dos protestos mundiais. O governo chinês, que considera o boicote um "show político", argumenta que oportunistas se aproveitam de sentimentos de identidade cultural para obter benefícios particulares.
O Tibete, invadido pela China em 1951, tem 2.300 anos, e a população possui idioma, legislação, etnia e religião próprias. Não são meros rebeldes que protestam contra um governo central e poderiam ser cooptados por líderes mal-intencionados. O território é riquíssimo em minerais e os rios que lá nascem banham praticamente toda a Ásia Central. Estão em jogo a soberania de um povo e interesses econômicos.
Cada povo possui raízes históricas para realizar ações de desobediência civil, tal como fez Mahatma Gandhi na Índia. É preciso um esforço para entender cada situação. Não cabe, portanto, a um ou outro intelectual iluminado determinar o que é válido, pois a idéia do boicote aos Jogos está consolidada em todo o mundo — ao ponto de os maiores líderes serem obrigados a se posicionar a respeito, contra ou a favor. O pano de fundo é uma cultura milenar de um povo que não se submete ao imperialismo cultural, militar ou político.
GUSTAVO BARRETO é jornalista e integrante do Movimento Humanista
domingo, 11 de maio de 2008
Pequim 2008
13:49
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